Argo no conteúdo e A Vida de Pi na estética: assim se poderia sintetizar a noite de ontem, que encerra mais uma temporada de prémios de cinema e sobre a qual deixamos algumas reflexões finais.
Este foi o ano do equilíbrio nos Oscars, senão vejamos os filmes mais premiados: Argo – 3 prémios; A Vida de Pi – 3 prémios; Os Miseráveis – 3 prémios. O filme de Ben Affleck poderá ser considerado o principal vencedor da noite, com dois dos galardões mais desejados – melhor filme e argumento – mas A Vida de Pi segue-o de perto, tendo sido distinguido pela sua realização e fotografia. Aliás, convém referir que esta foi uma das poucas edições em que o vencedor de melhor filme não foi também o de melhor realizador, sendo que Affleck nem sequer figurava nos nomeados desta última categoria. Por seu turno, Os Miseráveis, embora recebendo 3 prémios, foram reconhecidos em duas categorias técnicas e numa de interpretação secundária. Foi portanto Ang Lee quem, em termos de conquista visual, saiu mais agraciado desta eleição.
Depois, em relação aos actores, foi distinguida uma selecção de quatro interpretações incríveis e plurais, cada uma tendo lugar num filme distinto. Entre os premiados, genericamente expectáveis, salienta-se a surpreendente vitória de Jennifer Lawrence, que se estreou na galeria de premiados da Academia com apenas 22 anos e permitiu que Guia Para Um Final Feliz não ficasse em branco.
Menção ainda para Quentin Tarantino e Michael Haneke que, vencendo nas categorias em que eram claros favoritos, foram assim devidamente honrados na cerimónia e evitaram o dissabor que seria sair de mãos a abanar do Dolby Theater, algo a que 00:30 A Hora Negra escapou por pouco, com um prémio para a sua edição de som, e que veio mesmo a suceder ao filme Bestas do Sul Selvagem. Apesar de tudo, e considerando as expectativas, terão sido Steven Spielberg e o seu Lincoln os principais vencidos face às escolhas dos membros da Academia.
Assim, é Argo quem se junta à distinta e eternamente polémica lista de vencedores do Oscar de Melhor Filme. É indiscutível que a ideia e a concretização de Argo são de qualidade, mas não deixa de ser intrigante que a melhor obra de cinema de 2012 não comporte nenhuma interpretação memorável nem seja reconhecida por aspectos da sua execução cinematográfica (excepção feita à categoria de Melhor Montagem).
Lista completa de vencedores:
MELHOR FILMEArgo |
MELHOR REALIZADORA Vida de Pi, Ang Lee |
MELHOR ACTORDaniel Day-Lewis, Lincoln |
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIOChristoph Waltz, Django Libertado |
MELHOR ACTRIZJennifer Lawrence, Guia Para um Final Feliz |
MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIAAnne Hathaway, Os Miseráveis |
MELHOR ARGUMENTO ADAPTADOArgo, Chris Terrio |
MELHOR ARGUMENTO ORIGINALDjango Libertado, Quentin Tarantino |
MELHOR FILME ESTRANGEIROAmor, Áustria |
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃOBrave – Indomável, Mark Andrews e Brenda Chapman |
MELHOR DOCUMENTÁRIOSearching for Sugar Man, Malik Bendjelloul |
MELHOR FOTOGRAFIAA Vida de Pi |
MELHOR GUARDA-ROUPAAnna Karenina |
MELHOR MONTAGEMArgo |
MELHOR CARACTERIZAÇÃOOs Miseráveis |
MELHOR DIRECÇÃO ARTÍSTICALincoln |
MELHOR BANDA-SONORAA Vida de Pi, Mychael Danna |
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL“Skyfall”, 007 – Skyfall |
MELHOR EDIÇÃO DE SOM007 – Skyfall |
MELHOR SOMOs Miseráveis |
MELHORES EFEITOS ESPECIAISA Vida de Pi |
MELHOR CURTA-METRAGEMCurfew, Shawn Christensen |
MELHOR CURTA-METRAGEM (DOCUMENTÁRIO)Inocente, Sean Fine e Andrea Nix Fine |
MELHOR CURTA-METRAGEM (ANIMAÇÃO)Paperman, John Kahrs |