Mestres da Ilusão, ou no original Now you see me, é o novo filme de Louis Leterrier. O filme narra a história de quatro artistas da ilusão apresentados nos momentos iniciais do filme no seu contexto natural exercendo o seu “poder” individual. Jesse Eisenberg é Atlas, um ilusionista arrogante que faz truques de cartas no meio de uma multidão feminina rendida aos seus encantos. Isla Fisher é Henley, ex-assistente de Atlas e quiçá uma das suas pretendentes. Henley é uma especialista em fugas e aparece em plena performance onde cai, algemada, num tanque. Esta tem como desafio soltar-se antes que uma centena de piranhas caiam na água e a devorem. O terceiro elemento é Woody Harrelson, que interpreta o mentalista Merritt, ex-celebridade de tv que usa a hipnose para trocar os segredos das pessoas por dinheiro, ao chantageá-las “inocentemente”. Por último Dave Franco (irmão mais novo de James Franco) é Jack, o vigarista mais novo do grupo que rouba pessoas na rua enquanto faz truques de magia, sempre a fugir para não ser apanhado. Se no início todos parecem ter esquemas para se “safarem”, rapidamente são convocados por uma personagem encapuzada que lhes faz chegar uma carta de Tarot (que simboliza os quatro protótipos introduzidos anteriormente: os amantes, a sacerdotisa, o heremita e a morte). Ao reuní-los e guiá-los como marionetas, estes tornam-se os Quatro Cavaleiros, estrelas nos mais luminosos palcos de Las Vegas ou Nova Orleães.
Em grupo são bem sucedidos e perdem o carácter individualista e egoísta para servirem de Robin Hood ao serviço do sr. do capuz. Mas quando os truques envolvem desafios como roubar um banco em Paris em directo, e de facto 3 milhões de euros desaparecem, o filme passa para o registo de thriller de acção com Mark Ruffalo (agente do FBI) e Melanie Laurent (agente da Interpol) a tentar incriminar os Quatro Cavaleiros. Como colaborador da polícia , Morgan Freeman desempenha um caçador de mitos da magia, que tem como profissão expôr os truques mais complicados dos ilusionistas. Apesar do elenco sonante, as prestações de Freeman, Michael Caine (como produtor do quarteto) e Woody Harrelson, apesar dos seus papeis excêntricos não trazerem nada de novo, são as únicas que merecem real atenção. Eisenberg faz aqui a transição do adolescente solitário e desengonçado para o seu primeiro papel mais misterioso e sexy, que talvez até resulte. A dupla de inspectores é desinteressante. A narrativa é demasiado óbvia e Ruffalo não consegue transmitir na sua personagem o que a história quer que ele conte, fazendo com que a química entre eles pareça forçada. Laurent prometia mais do que repetir o mesmo que as suas colegas americanas fazem há decadas, tornando o cliché ainda mais insuportável.
Os movimentos rápidos da câmara alternando entre planos a uma velocidade tão grande como os carros em presseguição mantêm o espectador preso e perdido no meio de tanto foco de atenção, corroborando com o mote “the closer you look the less you see”, baralhando ainda mais a questão central. Os planos quase televisivos das performances nos palcos realçam o produto que os mágicos eram, lembrando-nos que alguém os continua a manobrar e mantendo as perguntas: Quem será essa pessoa? Quais as suas razões?
Apesar do bom entretenimento, da banda sonora electrizante e dos efeitos visuais competentes, as respostas dadas soam a pouco. Tudo é tão efemero como a própria fumaça que esconde por onde caiu o francês para ir de Las Vegas a Paris instantaneamente. Fica a sensação que o argumento tinha tudo para ser um pouco mais sólido no seu desfecho.
Classificação (0-10): 6
Mestres da Ilusão | 2013 | 115 mins | Realização: Louis Leterrier | Argumento: Ed Solomon, Boaz Yakin | Elenco: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Morgan Freeman, Isla Fisher, Michael Caine, Mark Ruffalo e Melanie Laurent