«WWZ: Guerra Mundial» ou a epidemia dos zombies

WorldWarZ_Poster

O grafismo e a sobreposição de informação noticiosa que surge em plano logo nos primeiros instantes transmitem o quão fragmentada, difusa e incerta é a visão sobre a ameaça que se parece abater sobre a humanidade. Imagens da natureza e de canibalismo entre animais são apresentadas como uma introdução ao que brevemente se passará entre humanos. Com efeito, cedo se constacta que uma epidemia se alastra a grande velocidade por todo o planeta e que Gerry Lane (Brad Pitt), experiente investigador/soldado das Nações Unidas temporariamente aposentado, é o homem certo para pôr em marcha o derradeiro plano para fazer face à catástrofe. Até aqui nada de particularmente novo, excepto que os infectados em poucos instantes se transformam em zombies sedentos de carne e miolos humanos.

Porém, ao contrário do que se poderia esperar desta longa-metragem, o realizador Marc Forster consegue subtilmente manter fora de plano imagens explícitas de amputações, de vísceras ou a dose de sangue típicas de filmes de zombies que os apreciadores do género de certo apreciariam. Mas a ausência de violência visual é compensada pela tensão constante, habilmente reforçada pela banda sonora pulsante. O filme de zombies mais caro de sempre (cujo orçamento se terá repartido essencialmente entre Brad Pitt e os impressionantes efeitos especiais) é ambicioso e espectacular na forma como preenche o ecrã com hordas de zombies enfurecidos, mantendo uma cadência forte na narrativa, em constante movimento, saltando de continente em continente.

Tendo em conta a sua concepção seminal do género, certamente que George A. Romero não ficará feliz ao ver a elevada velocidade a que se movem estas criaturas, e em WWZ: Guerra Mundial há muitas, muitas mesmo. Aliás, em analogia com os ataques de formigas apresentados no genérico inicial, nos quais a superioridade numérica é a sua maior arma, também estes zombies se aglomeram e movimentam em fluxos agressivos e repentinos que provocam no espectador saltos da cadeira num punhado de ocasiões.

Metafórico é também o modo como a inclinação de Israel para a construção de muros que demarcam o “seu” território surge aqui representada: aparentemente com o objectivo de salvar a sua população e, no limite, a humanidade, o resultado desta fortificação de cimento não se revela o esperado e tão pouco se mostra benéfica para os próprios israelitas, quanto mais para os restantes povos.

Em relação aos actores pouco há a destacar do conjunto de interpretações que se parece limitar a ocupar os espaços que Brad Pitt não preenche. Pitt, ele sim, desempenha eficazmente o seu papel, sendo fácil imaginar como outro actor com capacidades inferiores poderia praticamente arruinar este filme.

Bem executado e empolgante, a maior fragilidade de WWZ: Guerra Mundial talvez seja a sua falta de originalidade (o que remete também para o livro de Max Brooks): nem inova em termos de construção apocalíptica acerca da iminente extinção da humanidade nem é particularmente brilhante na incorporação dos zombies neste cenário. Mas dá-se como garantido o entretenimento e as emoções fortes a par da interpretação consistente de Brad Pitt.

Classificação (0-10): 7

WWZ: Guerra Mundial | 2013 | 116 mins | Realização: Marc Forster | Argumento:  Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard | Elenco:  Brad Pitt, Mireille Enos e Daniella Kertesz

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