Elaborámos uma série de entrevistas que antecipam o arranque da edição de 2013 do MOTELx. O objectivo é conhecer melhor e comparar as visões e opiniões de um conjunto de realizadores portugueses cujos filmes integram a selecção oficial em competição pelo Prémio Yorn MOTELx 2013, que visa distinguir a Melhor Curta de Terror Portuguesa. Hoje a entrevista é com João Seiça na qual revela o caminho que trilhou para se tornar realizador, as suas principais influências, a sua visão sobre o financiamento do cinema português e muito mais.
Cinemaville: Revela-nos sucintamente o teu percurso de formação e a forma como foste ao encontro do cinema. A oferta de ensino em Portugal foi suficiente de acordo com as tuas necessidades e expectativas ou tiveste de recorrer ao estrangeiro?
JS: Comecei a estudar cinema já depois de estar a trabalhar em investigação científica na área da física e da química. Apos um tempo percebi que o caminho que estava a seguir nao me estava a realizar profissionalmente, apesar de ser muito excitante intelectualmente. Assim, ao mesmo tempo que estava a trabalhar em investigação e fazer um mestrado em física, comecei um curso em cinema. Seguiram-se alguns projectos em Portugal, como queria ter uma formação mais ligada à direcção de actores candidatei-me ao Drama Centre London e tive a sorte de ser um dos quatro escolhidos para frequentar o MA Screen Directing.
CV: Quais as tuas principais referências na Sétima Arte?
JS: David Lynch, Wong Kar Wai e Roman Polanski .
CV: A originalidade temática e a qualidade visual de Hair já nos tinha captado a atenção há alguns meses e até já publicámos o filme no nosso site. Que mensagem pretendes transmitir com esta curta-metragem e que nos podes revelar acerca da sua realização?
JS: Muito obrigado pela atenção, fiquei muito contente. A escritora, Louiza, trabalha em moda e desenvolveu um problema de alopecia num tempo difícil da sua vida. Como tal, veio a questão da beleza, da falta de cabelos ou pelos a mais no ideal de beleza na sociedade ocidental. Qual é o preço que estamos dispostos a pagar para nos sentirmos integrados?
CV: Tens alguma afinidade particular pelo cinema de terror? Acompanharias o MOTELx como espectador?
JS: Gosto de todos os bons filmes, mas um bom filme de terror é uma coisa especial. Não é óptimo querer e nao querer olhar para o ecrã, ao mesmo tempo? Não é fantástico ver os nossos piores medos no ecrã e ficar a ouvir sons estranhos e novos quando se chega à noite a casa? (a resposta é sim).
CV: Consideras que o cinema em Portugal deve desenvolver-se independentemente dos apoios estatais ou o papel do Estado no financiamento é absolutamente indispensável? Que futuro vislumbras para o cinema “made in portugal”?
JS: Não sou contra o apoio do estado ao cinema. Ate me parece saudável, agora acho que em vez de ser uma prova geral de acesso de acesso aos fundos, deveria ser um processo continuo onde os argumentistas e realizadores tivessem apoio pratico para desenvolver as suas ideias.