«Kiss of the Damned»: Xan Cassavetes na primeira pessoa

Foi com grande satisfação que no passado sábado recebemos Xan Cassavetes, para apresentar a sua primeira longa-metragem Kiss of the Damned, filha de John Cassavetes e de Gena Rowlands, o talento corre-lhe nas veias. Kiss of the Damned teve estreia no último Festival de Veneza, e em terras portuguesas no MOTELx 2013.

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Como surgiu a ideia para o filme Kiss of the Damned?

A ideia partiu da casa onde a trama principal se desenrola. O dono desta casa convidou alguns realizadores a visitarem com o intuito de se inspirarem e posteriormente gravarem um filme nessa mesma casa.

A estética do filme invoca os anos 70, o guarda roupa, a maquilhagem, foi intencional?

Sim , eu adoro os filmes de vampiros centrados em figuras femininas dos anos 60 e 70, mas   eles deixaram de “estar na moda” porque a mulher era por vezes vista como um objecto, e isso pode ter um lado negativo.

Que realizadores tem como referência?

Realizadores italianos dessa altura são uma referência, o terror físico e psicológico de Lucio Fulci ou Sergio Martino. Numa componente mais psicológica Visconti ou Bertolucci são especialmente importantes no estilo decadente em que estes vampiro se enquadram.

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Há uma componente de sedução e de sexualidade muito ligada ao acto em que os vampiros sugam a sua presa ou amante, como se precisassem dessa excitação para o conseguirem fazer… 

Sim, esse acto expressa um prazer físico e por isso estão interligados sem dúvida.

Para além das referências cinematográficas, foi buscar algo à literatura sobre vampiros?

Não, eu escolhi não intelectualizar demasiado este filme. De início ainda fiz alguma pesquisa, mas depois desisti, queria fazer algo mais simples, no fundo como se estes vampiros estivessem em negação.

Eu penso que a razão para os vampiros serem tão populares, tem que ver com o paralelo que se pode fazer com os seres humanos. As pessoas são fascinadas com a vida eterna e com o poder físico, com a ideia de não sermos vulneráveis. Todos nós nos sentimos por vezes pequeninos e impotentes, por isso a ideia de ser um vampiro é algo que nos atraí.

Eu normalmente não considero os filmes de vampiros filmes de terror. São mais aterradores ao nível psicológico. Kiss of the Damned é uma história sobre a beleza da finitude da vida humana. Queria transmitir um estado emocional, o facto de seres mordido muda quem és, uma parte de ti torna-se um monstro, outra mantém-se inalterada. Esta separação tem sido retratada desde Nosferatu, de Murnau. E é isso que me atraí nestas personagens e nesta história – (in  popmatters.com)

A realizadora antes de deixar o MOTELx deixou um conselho:

Tudo o que eu recomendo, e o que desejo para qualquer realizador é ser obsessivo e estar apaixonado pelo filme, porque dá muito trabalho, e realizar filmes não é para qualquer um. Por isso atirem-se de cabeça, e não pensem no que os outros acham, não pensem em fazer muito dinheiro, não pensem em ganhar prémios.

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