
Partindo do livro “Diana: O Último Amor”, de Kate Snell, o realizador Oliver Hirschbiegel (A Queda: Hitler e o Fim do Terceiro Reich e A Experiência) assina a realização deste controverso biopic acerca de Diana Spencer, a princesa de Gales. O filme acompanha os últimos dois anos de Diana e começa precisamente no seu último dia de vida. Um plano apertado de uma mala de luxo coloca de imediato o espectador na sintonia da princesa, antes ainda de se descobrir o lado mais humano da sua vida quotidiana. Diana é inicialmente seguida pela câmara ao caminhar por um corredor quando um súbito zoom out deixa antever que algo ficou para trás. A partir daqui o filme entra em modo flashback, desenlaçando demoradamente os acontecimentos que levaram até aquele instante, que viria a anteceder a fatídica morte.
Diversas opções de estilo pretendem transmitir o que é ser Diana e como é estar “in her shoes”. O realizador fá-lo tanto literalmente, quando foca por diversas ocasiões os sapatos de Diana e a “transformação” que ocorre quando ela desce dos seus saltos altos e despe toda uma aparência pública desconfortável, como simbolicamente, através de planos contra-picados que elevam a grandeza da figura ou do barulho ensurdecedor dos disparos incessantes de máquina fotográficas em todo e qualquer espaço exterior e público.
Para lá do aparato, Diana vai-se mostrando mais autêntica e redescobre o amor em ritmo de jazz, procurando uma nova alegria de viver e de criar contratempos dentro do incrivelmente rígido compasso da sua existência. À medida que a relação amorosa com o cirurgião Hasnat Khan nasce e se desenvolve, Diana parece soltar-se do seu cativeiro e descobrir facetas mundanas que pouco ou nada havia explorado antes – sair à noite ou cozinhar revelam-se tarefas altamente desafiantes, ao passo que discursar em público ou ler uma partitura não lhe oferecem qualquer dificuldade.
Fica de fora uma dimensão fulcral da vida de Diana, que diz respeito à relação com o Príncipe Carlos e com a restante família real inglesa, cujo desenvolvimento seria importante abordar para compreender a faceta da Princesa de Gales aqui retratada. De igual modo, os seus filhos apenas surgem em conversas telefónicas ou num breve plano ao embarcar num helicóptero. Felizmente escusando-se a repisar factos por demais conhecidos, Hirschbiegel apresenta um exercício de cinema duplamente insuficiente: por um lado, não garante o rigor factual de um documentário; por outro, falta-lhe a capacidade de cativar o espectador, que encontrará como principal ponto de interesse a curiosidade acerca da faceta mais íntima de uma das mulheres mais famosas dos nossos tempos.
Classificação (0-10): 6
Diana | 2013 | 113 mins | Realização: Oliver Hirschbiegel | Argumento: Stephen Jeffreys | Elenco principal: Naomi Watts, Naveen Andrews e Douglas Hodge