De 24 de Outubro a 3 de Novembro o maior festival de cinema documental está de volta a Lisboa. Nesta 11ª edição do Doclisboa – Festival Internacional de Cinema serão exibidos 244 filmes de 40 países, somando um total de 123 longas e 121 curtas‑metragens. Este ano, o festival conta com 46 filmes portugueses, 42 primeiras obras, 36 estreias mundiais, 5 internacionais e 1 europeia. Em tempos difíceis para o cinema em Portugal a direcção do festival afirma “esta edição será de resistência, porque fazer cinema é e será sempre resistir.”O filme de abertura do festival é Pays Barbare de Yervant Gianikian e Angela Ricci Luchi.
O programa conta com as secções habituais: Competição Internacional de curtas e longas metragens onde se destaca o portugês E Agora? Lembra-me, de Joaquim Pinto. Competição Nacional de curtas e longas metragens que conta com alguns dos melhores documentários de produção e/ou realização portuguesa concluídos no último ano, com inúmeras estreias mundiais. Na secção Investigações, a linguagem do cinema é posta ao serviço da investigação de uma realidade abordando questões contemporâneas. Questionando o papel das religiões (The Gardener, de Mohsen Makhmalbaf ), ou o diálogo entre ciência e religião (Manakamana, de Stephanie Spray), passando por temas político-sociais (The Shebabs of Yarmouk, de Axel Salvatori-Sinz ou Equivocal Chronicles, de Lamine Ammar-Khodja). debatendo a importância da natureza vs. o sistema capitalista (El Impenetrable, de Danièle Incalcaterra).
A secção Riscos , comissariada por Augusto M. Seabra, tem como objectivo dar reconhecimento a linguagens na fronteira entre a ficção e o documentário, como diários filmados e autobiografias ou o trabalho sobre materiais de arquivo. Destacamos três filmes assinados por Nicolas Provost: Plot Point, Tokyo Giants, Stardust. Num questionamento sobre os códigos cinematográficos e linguagens narrativas, o realizador questiona as fronteiras entre uma realidade encenada, insinuada e a ficção autêntica. The King’s Body, de João Pedro Rodrigues numa temática mais humanista, e numa abordagem de crítica a um sistema político em decadência: Neverland in Me, de Christian von Borries num filme que pretende ser uma analogia à democracia e das suas diferentes fases de evolução, e I’m M de Christian von Borries.
Na secção Heart Beat podemos ver e ouvir documentários que se constroem na relação com a música e as artes performativas, destacando três países, três estilos de música: de Angola – I love Kuduro, de Mário Patrocínio; da Rússia – Pussy Riot: A Punk Prayer de Mike Lerner, Maxim Pozdorovkin e dos EUA – Dizzy Gillespie, de Les Blank.
Em Cinema de Urgência os documentários testemunham situações e acontecimentos relativamente aos quais é urgente motivar um debate, de reflexão, de modo a que nos possamos posicionar. De mutilação genital feminina a direitos da comunidade gay (Tonite let’s all make Love in Moscow), ou o ressurgimento de movimentos sociais na Turquia e Brasil (The Revolution will not be televised, it will be twitted). Em ambientes de guerra o cinema surge também como um meio imparcial, em substituição dos meios de comunicação tradicionais controlados pelo regime mostram a realidade na Síria (Focus: Abounaddara), e no Egipto (Steps).
A secção Retratos foca-se em filmes biográficos nesta edição os nomes são: Hélio Oiticica, Béla Tarr, Joaquim Benite, Donald Rumsfeld e Manuel Vieira. Nesta edição do Doclisboa o golpe militar no Chile está em destaque na secção Foco: 1973 – 2013. O golpe militar no Chile: 40 anos depois.
Na sessão de encerramento o filme escolhido foi Manuscripts don’t burn, de Mohammad Rasoulof, presidente do júri internacional do Festival. Infelizmente este não poderá estar presente pois as autoridades iranianas recusam‑se a deixar Mohammad Rasoulof sair do país. Nestas circunstâncias, a organização do Doclisboa decidiu deixar o seu lugar como Presidente do Júri vazio, num acto de apoio e solidariedade para com o cineasta iraniano.
Para além das salas de cinema habituais da Culturgest, Cinemateca e São Jorge, alguns filmes do festival serão projetados no Cinemacity de Alvalade e no Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada. Fora deste circuito, no dia 30 a Voz do Operário recebe uma sessão especial de “The Pervert’s Guide to Ideology”, de Sophie Fiennes, com a participação de Slavoj Zizek. E a 31 será a vez do Lux acolher o filme “The Stone Roses: Made of Stone”, seguido de festa com os dj’s Pinkboy e Rui Vargas.
Bilhete normal avulso – 4 | Bilhete normal Cinemateca Portuguesa – 3,20
Desconto para jovens até aos 30 anos, > 65 anos e desempregados (à excepção da Cinemateca Portuguesa, Voz do Operário e Lux Frágil) – 3,50
Desconto para estudantes, Cartão Jovem, reformados e pensionistas, sócios Apordoc (apenas na Cinemateca Portuguesa) – 2,15
Competição Internacional de Longas-Metragens
The Island of St. Matthews, de Kevin Jerome Everson
Nichnasti pa’am Lagan, de Avi Mograbi
Feng Ai, de Wang Bing
E Agora? Lembra-me, de Joaquim Pinto
Anita, de Luca Magi
Sto Lyko, de Aran Hughes, Christina Koutsospyrou
Sangue, de Pippo Delbono
Kelly, de Stéphanie Régnier
Jai Bhim Comrade, de Anand Patwardhan
Competição Portuguesa de Longas-Metragens
Os Dias com Ele, de Maria Clara Escobar
A Campanha do Creoula, de André Valentim Almeida
Vida Activa, de Susana Nobre
A Mãe e o Mar, de Gonçalo Tocha
Os Caminhos de Jorge, de Miguel Moraes Cabral
Twenty-One-Twelve The Day the World didn’t end, de Marco Martins
Cara a Cara, de Margarida Leitão
O programa completo pode ser consultado aqui.