Pedro Mexia, ex-subdirector e director interino da Cinemateca Portuguesa, com uma vasta obra literária: de crónicas à crítica, da poesia ao teatro, desta vez as suas palavras são inspiradas pelo cinema. O seu mais recente livro, Cinemateca, é dedicado a João Bénard de Costa, e é editado pela Tinta da China. Secreto, privado e pessoal assim o descreve Julião Sarmento, no prefácio do livro. Cinemateca não é um livro típico sobre cinema, nem disserta sobre como fazer filmes ou sobre a vida de realizadores e histórias de backstage, Mexia conta-nos em pequenos contos as histórias que viu em filmes, numa leitura pessoal do escritor mas transmissível para o leitor. Alguns destes contos foram anteriormente publicados no Público e no Expresso, outros foram escritos para as folhas de sala distribuídas pelo Museu do Cinema, e apesar de não serem novos encontram aqui uma nova forma de perdurarem, recordando filmes que já vimos ou motivando a descoberta de outros.
Este livro faz o percurso inverso do cinema: enquanto a grande maioria dos filmes resulta de um guião ou seja da palavra, este livro conta por palavras o que vemos no filme, traduzindo a linguagem cinematográfica em literatura.
Os filmes abordados são baseados numa escolha moral e pela paixão a um cinema de culto, de autor, de 1944 a 2012 fazendo uma viagem “da beleza estonteante de Jennifer O’Neill à carga dramática de Ingrid Thulin (…) da perversão voyeurística do James Spader ao clitóris de Georgina Spelvin, da beleza trágica da Marilyn à desolação americana de Wim Wenders”.
A abordagem literária que Pedro Mexia faz na sua interpretação do cinema faz com que este livro ganhe uma nova dimensão, tornando-o um dos mais interessantes livros sobre o cinema do último ano.