O cinema italiano apaixona multidões, e apaixona porque é feito exatamente de forma apaixonada por aqueles artistas das imagens em movimento que parecem crescer e maturar tão bem naquele país, como o vinho das próprias colinas Sicilianas.
O fascínio é ainda maior por parte de um povo português aproximado do italiano por razões étnicas, genéticas, religiosas e até artísticas. Isto fez com que, desde cedo, aprendêssemos a apreciar a beleza da simplicidade deste cinema como se ele retratasse as nossas próprias vivências simples de povo ainda mais simples. Simples, mas incrivelmente poético, e é como um poema que o cinema contemporâneo italiano deve ser visto, como páginas fotográficas montadas, compostas para formar uma grande ode.
Nesta humilde e pequena série pretende-se dar a conhecer alguns génios visionários que combinaram a beleza de um povo, de uma ideia artística ainda pouco desenvolvida, e de paisagens humanas, quase como uma floresta a brotar das ruinas do antigo Império Romano. Estes génios, talvez um tipo especial de artistas ainda por definir, conseguiram, ao longo de pouco mais de 50 anos, recolher a beleza das histórias quotidianas e verter essa beleza em copos de cristal para todos nós, em quantidades tão generosas que ainda hoje bebemos o seu sumo, com o sabor mais intenso, de vinho maduro.
São realizadores, homens e mulheres que criaram para nós a porta para um mundo claro, sem nuvens, que parece ser nosso embora saibamos que não o é.
Acompanhem esta viagem de volta ao passado que parece intemporal e descubram uma dimensão do cinema que pensaram nunca poder atingir. Para isso aconselha-se a visualização dos filmes referidos para que possam tirar as vossas próprias conclusões.
De referir que cada capítulo desta série não será uma biografia dos realizadores mas antes um relato subjetivo da força de cada cineasta e das suas obras, pelo que surge a necessidade de que conheçam vós próprios estes homens e mulheres da única maneira que é possível conhecê-los realmente: através da sua arte.
Cinemaville 