O mais antigo festival de cinema de Lisboa celebra este ano 18 anos. O Queer Lisboa 18, Festival Internacional de Cinema Queer, está quase a chegar a Lisboa e ao Porto (uma das muitas novidades desta edição). De 19 a 27 de Setembro o Queer chega a lisboa, mais concretamente ao Cinema São Jorge, com um recorde de 135 filmes de 38 países diferentes, sendo a maior edição do Festival até à data.
O filme de abertura será Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Brasil), de Daniel Ribeiro, e Flores Raras (Brasil), de Bruno Barreto, encerrará o festival. Esta edição propõe uma retrospectiva da primeira fase da obra de John Waters – que serviu de inspiração ao mote “18 Years of Filth”, slogan provocador que vamos ver espalhado por toda a cidade de Lisboa e do Porto, numa justa homenagem a um dos nomes maiores que contribuiu para definir o Cinema Queer. Entre outros, os espectadores do Queer Lisboa terão a oportunidade de ver o clássico de Waters, Polyester (1981), com os famosos cartões Odorama, tendo desta forma a experiência completa proposta por este irreverente realizador.
Outra proposta do festival é a exibição da filmografia completa do britânico Ron Peck, dando-se assim a conhecer assim o trabalho do realizador de Nighthawks (1978), um dos títulos pioneiros do cinema gay e cuja sessão contará com o realizador para a apresentar. O programa inédito dedicado a Derek Jarman deixa patente o reconhecimento da forma como este moldou a iconografia queer dos anos 80 e 90. No Queer Pop serão exibidos os filmes de tournée e os telediscos que Jarman fez, não apenas para os Pet Shop Boys, mas para intérpretes e bandas como Marianne Faithfull ou os The Smiths. Esta edição conta ainda com um programa dedicado ao Cinema Queer africano, apresentado na Cinemateca Portuguesa, bem como uma selecção dos filmes queer mais relevantes de 2013 e 2014.
Da última edição do Festival de Cannes, o Queer Lisboa 18 consegue assegurar a estreia nacional de alguns importantes títulos como Party Girl (França), de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis, galardoado com o Ensemble Prize e o Caméra d’or, que nos conta a história de uma empregada de bar de 60 anos, Angélique, que refaz a sua vida de forma surpreendente, num registo que joga com os limites entre ficção e documentário. Também estreado na secção Un Certain Regard em Cannes, Xenia (Grécia), de Panos H. Koutras, conta a história de dois irmãos, imigrantes ilegais na Grécia actual, onde procuram um pai há muito perdido. Estes dois títulos competem para a melhor longa-metragem, a par de filmes como Something Must Break (Suécia), de Ester Martin Bergsmark – vencedor do Hivos Tiger Award este ano em Roterdão -, Los Tontos y Los Estupidos (Espanha), de Roberto Castón – que estreia este mês em San Sebastián –, ou Stand, (França) de Jonathan Taieb, um título que promete ser uma das surpresas desta edição, ao propor um corajoso olhar à homofobia na Rússia. Bergsmark, Castón e Taieb estarão presentes em Lisboa para apresentarem os seus filmes.
Para a Competição de Documentário, Julia (Alemanha, Lituânia), de J. Jackie Baier, Castanha (Brasil), de Davi Pretto, e Hello Stranger (Suíça), de Thomas Ammann são alguns dos títulos revelados que contarão também com a presença dos realizadores. Para a Competição de Curtas-Metragens, destacam-se Frei Luís de Sousa (Portugal), dos Silly Season e Kinéma, assim como Pride (Bulgária), de Pavel G. Vesnakov – vencedor do Grand Prix em Clérmont-Ferrand -, Mondial 2010 (Líbano), de Roy Dib – vencedor do Teddy Award deste ano -, e finalmente But You Are a Dog (Suécia), de Malin Erixon, realizadora vencedora do Prémio de Melhor Curta-Metragem da última edição do Queer Lisboa.
Esta edição ficará também marcada pelo lançamento do livro Cinema e Cultura Queer, onde se traça um panorama do cinema queer internacional, através do que foi a programação do Queer Lisboa desde 1997, e se reúne um conjunto de ensaios naquela que é a primeira abordagem exaustiva da história do cinema queer em Portugal.