Trailer é um espectáculo de teatro de improviso criado em torno do universo do cinema com autoria dos Improvio Armandi, grupo que em cena é constituído por cinco elementos: quatro actores espontâneos e descontraídos (André Sobral, João Cruz, Juan Pereira e Rui Moreira), que se desdobram em personagens, e um “realizador” (Hugo Rosa). Este último é quem surge primeiramente em palco para inaugurar a sessão, quem estabelece a comunicação com a plateia e também quem, ao longo da peça, por vezes pausa a “imagem”, a retrocede ou faz avançar rapidamente em momento estrategicamente seleccionados.
Se a abordagem é plena de originalidade, a equação utilizada para construir o “filme” é simples: local + objecto + género cinematográfico = longa-metragem improvisada. É o público quem escolhe os três ingredientes, ainda que se perceba que há uma base de trabalho inspirada na estrutura típica, nos clichés e nos maneirismos de cada género cinematográfico, todavia sobrando imenso espaço para preencher com recurso ao improviso, o que se revela um complexo desafio.
Na noite de estreia foi a vez de se interpretar pela primeira e única vez o policial “A Caneta da Morte”, que conta a história de Jack, detective reformado atormentado pelo facto de no passado ter deixado escapar um serial killer que mata as suas vítimas na praia com uma caneta e agora voltou a atacar.
Destaca-se a hábil incorporação dos inputs do público, incluindo de frases com mais ou menos sentido que no início da sessão se depositam num cesto. Para além do trabalho dos actores, com momentos mais inspirados do que outros (absolutamente expectável em contexto de improvisação), a luz e os efeitos sonoros tornam o espectáculo mais especificamente cinematográfico e compõem a cena.
Uma coisa é certa: esta história não se repetirá, mas em compensação haverá lugar a outras tão ou mais divertidas já nos dias 17, 24 e 31 de Outubro, pelas 21h45 no Auditório Carlos Paredes, em Benfica.