Crimson Peak – A Colina Vermelha é um romance gótico clássico, onde o terror estilístico, o amor e a beleza se entrelaçam para confrontar medos ancestrais, do mesmo modo que a verdade fílmica e o imaginário se misturam, criando uma insidiosa ambiguidade de perceções. Não superando anteriores obras cinematográficas do realizador, como O Labirinto do Fauno, Crimson Peak é um filme que cativa sobretudo pela direção de arte e fotografia.
Compondo um elenco demasiado hollywoodesco para preencher a alma do universo ímpar de del Toro, os atores dão corpo a personagens arquétipos que representam duas fases opostas do desenvolvimento das borboletas. Uns são radiosos como borboletas amarelas, representam o bem, a inocência: Mia Wasikowska é Edith, uma jovem mulher cândida, intelectual e independente do final do século XIX. Charlie Hunnam é Dr. Alan McMichael, o jovem promissor adorado pelas mulheres mas demasiado bonzinho para despertar o interesse de Edith. A fase da larva, ou das borboletas negras, é representada por Jessica Chastain, que interpreta Lucille, a segunda figura feminina, que simboliza o extremo oposto de Edith e Tom Hiddleston, o rebelde inventor misterioso que conquista Edith. As diferenças entre as personagens são elegantemente acentuadas através do guarda roupa e caracterização.
Crimson Peak – A Colina Vermelha faz-nos recuar aos grandes romances góticos dos anos dourados de Hollywood, lembrando o ambiente e narrativa de grandes obras como O Solar Dragonwyck, Rebeca, A Paixão de Jane Eyre e Grandes Esperanças, que acabaram por ficar guardados na ‘gaveta dos clássicos’.
Classificação (0-10): 7
Crimson Peak: A Colina Vermelha | 2015 | 119 mins | Realização: Guillermo del Toro | Argumento: Guillermo del Toro, Matthew Robbins | Elenco principal: Mia Wasikowska, Jessica Chastain e Tom Hiddleston