A 88ª cerimónia dos Oscars foi ponteada por grandes momentos, pela controvérsia da diversidade entre os nomeados e por um grande clímax final, como um grande filme deve ter!
O prémio de melhor filme do ano, é inquestionávelmente o mais importante no que toca a uma arte que tem como resultado final um filme que demora meses ou anos a ser realizado e é fruto de um grande esforço de equipa. Este ano celebramos Spotlight de Tom McCarthy, um filme que salienta o papel preponderante do jornalismo de investigação comprometido com problemas sociais, da necessidade de haver espaço para se trabalhar sem a lógica mercantil a oprimir o que fazemos e como o fazemos, e que aborda um problema que persiste – o abuso sexual de menores por parte da igreja. A temática é forte, o filme não prima pela inovação técnica, as interpretações são boas sem grandes discrepâncias entre actores. Mas acima de tudo o trabalho de equipa entre os jornalistas, que o argumento relata, é transmitida através do ecrã e enquanto espectador sente-se essa coesão no filme. Spotlight recebeu ainda o Oscar de melhor argumento original.
O Renascido, filme de eleição de grande parte da comunidade cinéfila, foi premiado pelo trabalho de realização de Alejandro González Iñarritu, prémio que solidifica o seu majestoso talento, sempre a desafiar as barreiras cinematográficas e a emergir o público em filmes que são experiências sensoriais. Leonardo DiCaprio foi considerado como melhor actor principal num papel que exige muito mais do que trabalhar um bom texto ou desempenhar uma figura mais arquétipa ou excêntrica. Ele foi a imagem essencial do filme com cada olhar cada ou cada passo carregava em si o peso do mundo e isso é mágico. Emmanuel Lubezki, o génio da fotografia, ganha o terceiro Oscar, o segundo na companhia de Iñarritu.
Mad Max, a explosão visual de George Miller, foi o filme mais premiado da noite com seis Oscars. Há quem vá ao cinema ver apenas filmes de acção, há quem vá ao cinema e nunca veja filmes de acção, mas este filme torna o intelectual mais intrépido passar duas horas de qualidade! É uma espécie de concerto de punk/metal misturado com uma realidade distópica onde a Charlize Theron é a bad ass lá do sítio… só pode dar certo, principalmente tendo o maestro certo, George Miller. Quarto, de Lenny Abrahamson, é o meu filme de eleição desta temporada de prémios, pelo seu carisma, pela simplicidade da direcção de arte, pela mestria do argumento e pela humanidade e talento das interpretações de Brie Larson, vencedora do Oscar para melhor actriz, e de Jacob Tremblay que também poderia ter sido nomeado, ambos excepcionais. Os Oscars marcam o ponto final na temporada entusiasta de prémios de cinema, mas a boa notícia é que todas as semanas estreiam novos filmes e por isso só podemos desejar bom cinema e até aos Oscars de 2017!
Lista completa de vencedores
MELHOR FILMEO Caso Spotlight |
MELHOR REALIZADORAlejandro González Iñárritu, O Renascido |
MELHOR ACTORLeonardo DiCaprio, O Renascido |
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIOMark Rylance, Ponte de Espiões |
MELHOR ACTRIZBrie Larson, Quarto |
MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIAAlicia Vikander, A Rapariga Dinamarquesa |
MELHOR ARGUMENTO ORIGINALO Caso Sporlight |
MELHOR ARGUMENTO ADAPTADOA Queda de Wall Street |
MELHOR FILME ESTRANGEIROSon of Saul (Hungria) |
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃODivertida-Mente |
MELHOR DOCUMENTÁRIOAmy |
MELHOR FOTOGRAFIAEmmanuel Lubezki, O Renascido |
MELHOR GUARDA-ROUPAMad Max: A Fúria da Estrada |
MELHOR MONTAGEMMad Max: A Fúria da Estrada |
MELHOR CARACTERIZAÇÃOMad Max: A Fúria da Estrada |
MELHOR DIRECÇÃO ARTÍSTICAMad Max: A Fúria da Estrada |
MELHOR BANDA-SONORAEnnio Morricone, Os Oito Odiados |
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL“Writings On The Wall”, 007 Spectre |
MELHOR EDIÇÃO DE SOMMad Max: A Fúria da Estrada |
MELHOR SOMMad Max: A Fúria da Estrada |
MELHORES EFEITOS ESPECIAISEx Machina |
MELHOR CURTA-METRAGEMStutterer |
MELHOR CURTA-METRAGEM (DOCUMENTÁRIO)A Girl in the River: The price of forgiveness |
MELHOR CURTA-METRAGEM (ANIMAÇÃO)Bear Story |