A Judaica – Mostra de Cinema e Cultura está de regresso para a sua 4.ª edição, de 16 a 20 de Março, no Cinema São Jorge, com filmes, música, livros, convidados e tradições culturais para todas as idades. Na próxima quarta-feira, 16 de Março, às 18h30, a sessão de abertura será marcada pela apresentação do livro Os Bebés de Auschwitz – Nascidos para Sobreviver, com a presença da autora Wendy Holden e de Hana Moran, uma das protagonistas desta comovente história. Mais tarde, pelas 21h30, será exibido em ante-estreia nacional Uma História de Amor e Trevas (Cannes 2015) – o primeiro filme realizado pela actriz Natalie Portman e baseado na autobiografia do escritor israelita Amos Oz –, em parceria com a NOS Audiovisuais.

Num ano em que a programação de Lisboa é atravessada pelo fio condutor ‘a sobrevivência e os refugiados’, o cinema é de novo protagonista da mostra. No total, entre quarta e domingo, serão exibidas 12 longas-metragens de ficção, 11 documentários e 4 curtas. Na ficção, destacamos duas obras de forte cariz literário, ambas reservadas para 20 de Março, o último dia do festival. A primeira, às 15h00, é o filme Cântico dos Cânticos, baseado na obra do grande escritor Sholem Aleichem, assinalando assim o centenário da sua morte. E, ao fim da tarde, a longa-metragem Febre ao Amanhecer. Neste caso é de destacar a presença do realizador húngaro Péter Gárdos, que estará entre nós também por ocasião do lançamento do livro Carta à Mulher do Meu Futuro, no qual narra a inverosímil história de amor dos seus pais, que serve de inspiração para o filme.

Já nos documentários, menções muito especiais para Claude Lanzmann: Espectros da Shoah – que esteve nomeado para o Óscar de Melhor Curta Documental – e para Todos os Rostos Têm um Nome do sueco Magnus Gertten. Pegando em imagens que mostram a chegada de refugiados ao porto de Malmö (Suécia) em 1945, o realizador traça um paralelo com a situação que se vive actualmente na Europa. Esta será uma ‘Sessão Solidária’ – cujas receitas (da Judaica) reverterão a reverterão a favor da Plataforma de Apoio aos Refugiados – seguida de um debate com as participações do realizador; de Pedro Calado, Alto-Comissário para as Migrações; e de Rui Marques, coordenador da PAR. A conversa será moderada pela historiadora Irene Pimentel.

Outro documentário que merece destaque é A Minha Herança Nazi: O que os Nossos Pais Fizeram, do realizador David Evans, no qual dois filhos de altas figuras do regime nazi regressam ao passado e confrontam sentimentos de culpa, raiva, amor e negação. Depois da exibição do filme, terá lugar um debate com as honrosas presenças de Niklas Frank, filho de Hans Frank – Governador-Geral da Polónia ocupada por Hitler – e dePhilippe Sands, conceituado professor de Direito Internacional, cuja família foi vítima dos pais dos protagonistas.

Mais um convidado de exceção é o conhecido jornalista Henrique Cymerman, que desta feita volta a casa no papel de co-realizador do documentário Jerusalém Oriental / Jerusalém Ocidental, que nos mostra a forma como a música é capaz de vencer a discórdia entre povos.

De salientar ainda, já fora do grande ecrã, o concerto de música klezmer, de Daniel Kahn & The Painted Bird, uma banda de culto que desafia as fronteiras entre o radical e o tradicional e entre o lírico e o político. A não perder, sábado 19 de Março, às 22h00.

Depois de Lisboa, a Judaica seguirá viagem até Cascais (8 a 10 de Abril), Belmonte (14 a 16 de Abril) e Castelo de Vide (5 a 8 de Maio), com uma rica e variada programação: palestras sobre tradições judaicas, um colóquio internacional sobre Inquisição, Cripto-Judaismo e Marranismo com convidados de renome, visitas guiadas às Judiarias, degustação de produtos kosher, e mais dois concertos que certamente ficarão na memória. Para mais informações o programa está disponível aqui.