Sorri, é a primeira longa-metragem de Parker Finn, depois de ter realizado e escrito a curta metragem de 11 minutos Laura Hasn’t Slept, em 2020. No presente filme, o mundo de Laura (Caitlin Stasey) é tornado uma história satélite à narrativa principal, mas é Laura quem desencadeia a ação passando a maldição à personagem principal Rose Cotter (Sosie Bacon), que será a vítima que nós vamos acompanhar.
Rose, é terapeuta na ala psiquiátrica de emergência de um hospital e está acostumada a ver pessoas com doenças mentais profundas e a ajudá-las. Até que encontra uma paciente em pânico, Laura, que afirma ser assombrada por uma entidade malévola que ninguém consegue ver, uma criatura com o pior sorriso que já viu, mutando-se de pessoas que ela conhece. Claro está, que a história evolui virando o mundo ao contrário, e a doutora vê-se no lugar dos seus pacientes, sendo ela a julgada por uma sociedade que não tem qualquer compaixão por pessoas que sofrem de doenças mentais.
O género do filme serve de alegoria para Finn abordar a experiência humana do trauma e do pós trauma, e como a perceção do que experienciamos e do que sentimos é real, mas “não te pode fazer mal”- diz Rose no primeiro terço do filme. Depois o género de terror transporta-nos para essa fantasia amplificada e negra da ansiedade, do medo e do pânico, que entra pelo ser humano dentro e o consome.

Tendo como referência filmes como o The Ring e It Follows, o argumento adota a estrutura da transmissão da maldição em cadeia, mas usa esse conhecimento familiar do espectador a seu favor para criar antecipação e dúvida sobre a trajetória e escolhas de Rose.
Sorri, é um filme eficaz e honesto na sua intenção, não é seu objetivo reinventar o género e não tem pretensões de ser um thriller intelectual. Usa a montagem e a banda sonora para garantir tensão e um ritmo acelerado, e garante uns quantos sustos (médios) e umas gargalhadas.
Os atores têm boas performances e o facto de não serem celebridades confere-lhes uma credibilidade maior. Destacando o trabalho das atrizes femininas Sosie Bacon, Caitlin Stasey e Robin Weigert, protagonistas das imagens mais impactantes.
Abordando um tema muito relevante na contemporaneidade, Sorri diz-nos a verdade: a doença mental pode ser um filme de terror e é transversal a toda a sociedade, deixando as suas vítimas isoladas e marginalizadas. Um filme para ser visto no cinema e evitado na vida real!