Christian Marclay é o autor da obra The Clock, uma instalação de imagens em movimento que dura 24 horas e consiste numa meticulosa e gigantesca colagem de excertos de filmes cujo elemento em comum é em certo momento surgir um relógio em plano ou uma personagem olhar para um. Como se não bastasse, o tempo que surge no ecrã está precisamente sincronizado com o real: um espectador que assista à obra às 16:52 verá relógios que marcam 16:52.

Esta criação de matriz quase obsessiva conquistou o Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2011 e pode bem tornar-se uma obra-prima de um tempo em que a espécie humana vive obcecada com o tempo e o trata como um dos bens mais preciosos, convidando à reflexão metafísica e criando uma consciência constante do tempo presente e uma certa ansiedade face à sua passagem, questão em si bastante universal que remete necessariamente para a finitude da vida.

Ao mesmo tempo, The Clock funciona como uma bela homenagem ao cinema, não só devido às imagens que convoca mas pelo facto de os cortes serem feitos com elevada sensibilidade cinematográfica e a montagem sonora proporcionar transições entre excertos muito naturais, como aconteceria de facto num filme.

O obra pode ser assistida no Museu Berardo de 5 de Março a 19 de Abril, de terça a domingo, das 10h00 às 19h00. Nestes dias, estando a duração do filme indexada à hora real, só será possível ver sempre as mesmas nove horas do filme. Para o ver na totalidade será necessário aproveitar um dos dias em que se realizam sessões integrais:

5 de Março, das 22h00 às 22h00 do dia 6 de Março;
7 de Março, das 10h00 às 19h00 do dia seguinte;
28 de Março, das 10h00 às 19h00 do dia seguinte;
18 de Abril, das 10h00 às 19h00 do dia seguinte.