Queer Lisboa 22ª edição: Destaques

A 22.ª edição do Queer Lisboa começa hoje, com uma programação de 100 filmes de 32 diferentes países e mais de 30 convidados internacionais. O festival inaugura às 21h com a antestreia nacional de Diamantino, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, vencedor do Grande Prémio da 57.ª Semana da Crítica da última edição do Festival de Cannes, com a presença da equipa no palco da Sala Manoel de Oliveira.

Este ano o festival assume as problemáticas associadas ao VIH/sida como um dos temas centrais da sua programação, dando a conhecer o importante cinema que respondeu à epidemia nas suas origens, através do ciclo “O vírus-cinema: cinema queer e VIH/sida”. Questões como as migrações, drogas, diferentes expressões religiosas, o pós-porno, ou problemáticas específicas ligadas aos indivíduos intersexo, transgéneros, ou as novas realidades virtuais, estão representadas nas competições do Queer Lisboa 22.

Na Competição de Longas-Metragens destacamos And Breathe Normally, de Ísold Uggadóttir, que narra o encontro entre uma refugiada africana, retida na Islândia quando tentava ir para o Canadá, e uma mãe com um misterioso passado; com estreia europeia na passada edição do Festival de Cinema de Roterdão, Marilyn, de Martín Rodríguez Redondo, com estreia na passada edição da Berlinale,  é um mergulho numa fechada comunidade rural argentina, dominada pela violência física e psicológica, onde um rapaz procura ainda assim viver a sua identidade de género. O filme-sensação do último Festival de Cannes, Sauvage é a estreia na longa-metragem de Camille Vidal-Naquet, magnificamente protagonizada por Félix Maritaud, que interpreta Léo, um trabalhador do sexo, toxicodependente por fim Tinta Bruta, sobre o estranho choque entre a realidade virtual e a vida real, difícil de gerir pelo seu protagonista, Pedro, que faz dinheiro através de espetáculos na webcam.

Na Competição de Documentários destacamos Cartas para um Ladrão de Livros de Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros, onde acompanhamos a vida de Laéssio, uma figura marginal que fez do roubo de obras de arte a sua vida; Entre Deux Sexes, de Régine Abadia é um despudorado e irreverente documentário sobre dois indivíduos intersexo, que de forma imaginativa fala sobre as diferentes problemáticas que enfrentam; contemplativo e visualmente poderoso. Lunàdigas – ovvero delle Donne senza Figli, realizado por Nicoletta Nesler e Marilisa Piga – e que conta com a presença de Nesler em Lisboa -, é uma lúdica mas séria abordagem ao tema das mulheres que não querem ter filhos e nas implicações que essa decisão muitas vezes acarreta; Room for a Man é um documentário na primeira pessoa do realizador libanês Anthony Chidiac, que aborda questões de identidade e migrações, reflexões construídas entre as quatro paredes do seu quarto num imaginativo dispositivo; um mergulho nas eletrizantes festas homónimas na Los Angeles dos anos 1980.

Na Competição Queer Art serão apresentados oito filmes que compõem este programa, dedicado a linguagens mais experimentais entre eles: Escape from Rented Island: the Lost Paradise of Jack Smith, um “não-documentário” assinado por Jerry Tartaglia, que homenageia a obra e o pensamento de uma das mais importantes figuras do underground norte-americano; passado quase inteiramente no interior do bar do mesmo nome; Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diogenes – presentes no festival -, explora o sentido de comunidade ameaçado pela gentrificação; A Moça do Calendário, com a atriz e realizadora de culto brasileira, ligada ao movimento do Cinema Marginal, uma fragmentada crítica social ao Brasil dos dias de hoje; com cenário no bairro do Pina, no Recife; Terror Nullius, dos Soda_Jerk é sem dúvida uma das grandes surpresas da edição deste ano do festival.

Na Competição de Curtas-Metragens o nosso destaque vai para Et in Arcadia Ego, de Sam Ashby, um ensaio sobre locais de engate londrinos, entretanto fechados; Evidentiary Bodies, a mais recente curta da consagrada realizadora experimental norte-americana, Barbara Hammer; , O Órfão da realizadora brasileira Carolina Markowicz, recentemente estreado em Cannes, assim como o realizador sueco Jerry Carlsson, para apresentar Shadow Animals.

A secção Panorama exibirá a ficção lésbica Disobedience, realizada por Sebastián Lelio e protagonizada por Rachel Weisz, Rachel McAdams e Alessandro Nivola,  L’Amour Debout, de Michaël Dacheux, sobre o reencontro de dois jovens que agora vivem em Paris e tentam cada um perceber o seu caminho, depois da separação. Em sessão especial, o Queer Lisboa reúne três das mais importantes curtas-metragens queer portuguesas numa única sessão: Anjo, de Miguel Nunes; Flores, de Jorge Jácome; e Self Destructive Boys, de André Santos e Marco Leão.

Queer Pop apresentará uma primeira sessão com um programa dedicado a Janelle Monáe, e a  segunda sessão será dedicada à Eurovisão, e Punk Voyage, de Jukka Kärkkäinen e J-P Passi

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