Após vencer o Globo de Ouro para Melhor Argumento, o realizador Quentin Tarantino mostrou-se chocado com a atribuição do prémio, mas não tardou a tornar-se ele próprio fonte de controvérsia.
De acordo com o Hollywood Reporter, Tarantino respondeu à letra às questões dos jornalistas acerca do uso excessivo da palavra “nigger” no seu último filme Django Libertado. Apontando aos seus críticos, entre os quais Spike Lee e outros realizadores e argumentistas, justifica as suas escolhas com a verdade histórica do filme e a sua integridade artística:
Dizem que devia suavizar a realidade, que devia massajá-la e mentir sobre a história. (…) Eu jamais faria isso aos meus personagens.
Que Tarantino não faz filmes para ganhar prémios ou para conquistar a crítica não é uma novidade, mas o cineasta faz questão de o vincar:
Nunca alterei uma palavra de um argumento em função de qualquer tipo de crítica. Faço o meu trabalho de coração, apaixonadamente, e faz parte das minhas funções ignorar as críticas.
Não escondendo a sua posição, o realizador vai mais longe e considera que a escravatura não está extinta na actualidade, existindo formas dissimuladas do flagelo por todo o globo:
Basta ir à Malásia, por exemplo, ou ver o modo com as prisões públicas e privadas trocam prisioneiros. Parece que já nem tentam disfarçar. Sob o lema do “combate às drogas” têm sido feitas incarcerações em massa nos últimos 40 anos que atingiram sobretudo a população negra do sexo masculino. Isto é nitidamente uma forma de escravatura, que reflecte o mesmo medo face ao homem negro que existia no século XIX.
Django Libertado estreia em Portugal no próximo dia 24.