A capacidade de gerar discussão sobre o estado de uma religião, de uma cultura e de um país com recurso a um caso tão particular, a um espaço cénico tão restrito, a opções estéticas pouco espectaculares, a todo o tempo envolvendo completamente o espectador, mantendo o ritmo elevado e o interesse aceso. A sensação de claustrofobia e monotonia que a narrativa impõe e que a cenografia acentua, com a acção a decorrer apenas entre a sala do tribunal e a sala de espera e os personagens vestindo roupas maioritariamente monocromáticas. Os planos sempre do ponto de vista de uma das personagens, opção dos realizadores Shlomi e Ronit Elkabetz que humaniza o processo e evidencia o processo de julgamento em curso. Uma trama capaz gerar reacções diversas perante diferentes plateias, tanto mais humorísticas face ao ridículo quando mais distante o espectador se encontrar daquela realidade. As interpretações do membros do casal, Elisha (Simon Abkarian) e, principalmente, Viviane Amsalem (Ronit Elkabetz), capazes de dizer tanto apenas com um olhar ou uma expressão facial. |